Cirurgia bariátrica não é plástica

A cirurgia bariátrica ganhou espaço nos últimos anos muito por promover grandes mudanças no corpo e na vida dos pacientes. Porém, deve-se dizer que, como tudo, este processo tem seus prós e contras. Sua recomendação é exclusivamente para pessoas diagnosticadas como obesas, onde a quantidade de gordura é excessiva e causa prejuízos a saúde.  Em hipótese alguma, pode-se realizar a bariátrica com fins estéticos.

Este tipo de procedimento altera o sistema digestivo com o objetivo de diminuir a quantidade de comida aceita pelo estômago ou para modificar o processo natural de digestão e, com isso, reduzir, de forma drástica a quantidade de calorias absorvidas, facilitando a perda de peso.

Por ser uma cirurgia que, na maioria dos casos, é bastante invasivo, a bariátrica geralmente só é indicada como forma de tratamento quando a pessoa já tentou outros tratamentos, mas sem os resultados esperados, ou quando o excesso de peso coloca a vida em risco.

Passar por avaliação médica rigorosa com uma equipe multidisciplinar composta por um cirurgião, um nutricionista, um psicólogo, um cardiologista, um endocrinologista e outras especialidades médicas é fundamental. Assim, como também é imprescindível o acompanhamento pré e pós bariátrica.

Sobrepeso e Obesidade.

Para os casos de sobrepeso ou obesidade grau I, recomenda-se ainda o tratamento clínico convencional, que pode ser a realização de procedimentos menos invasivos se comparados a uma cirurgia bariátrica, como o Balão Intragástrico e a Gastroplastia Endoscópica.

Quem determinará a indicação do paciente para a cirurgia bariátrica é o médico cirurgião, de comum acordo com a equipe de especialistas. Por ser uma doença multifatorial, a obesidade precisa ser diagnosticada e tratada por múltiplos especialistas. 

O primeiro passo é descobrir a composição corporal para a classificação da obesidade. Com base na relação massa magra x massa gorda, o índice identifica se a pessoa está com peso normal, sobrepeso ou apresenta algum grau de obesidade.

A quem se destina a cirurgia bariátrica?

A cirurgia bariátrica normalmente é indicada para pessoas com obesidade acima de grau II que não mostraram resultados após vários meses de tratamento com dieta adequada e prática de exercício físico regular. Geralmente, não é recomendada a cirurgia sem antes tentar outras formas de perda de peso.

São consideradas elegíveis as pessoas que tenham idade entre 16 e 65 anos e, só é indicada pelo Ministério da Saúde do Brasil determinados casos:

IMC igual ou superior a 50 kg/m²;

IMC igual ou superior a 40 kg/m², sem perda de peso mesmo com acompanhamento médico e nutricional comprovado durante, pelo menos 2 anos;

IMC igual ou superior a 35 kg/m² e presença de outras doenças de risco cardiovascular elevado, como pressão alta, diabetes descontrolada e colesterol alto.

Pode não ser recomendada a cirurgia bariátrica em casos de:  transtorno psiquiátrico não controlado, incluindo o uso de drogas e bebidas alcoólicas, doença cardíaca ou pulmonar grave e descompensada, hipertensão portal com varizes esofágicas, doenças inflamatórias do sistema digestivo alto ou sofrer de síndrome de Cushing por câncer.

Principais Benefícios

Perda de peso: este é o principal fator da cirurgia bariátrica – o fim do círculo vicioso da perda e ganho de peso, o que ajuda o paciente a manter a perda de peso em longo prazo e, consequentemente, manter-se mais saudável.

Remissão do diabetes tipo 2: Depois da cirurgia, muitos pacientes conseguem equilibrar o nível de glicemia e mantê-lo controlado, podendo até suspender a medicação em certos casos.

Redução do risco de morte: O desaparecimento das doenças associadas à obesidade e a diminuição do risco de desenvolver comorbidades é um dos grandes benefícios associados a esta cirurgia. A perda de peso diminui a ocorrência de hipertensão, diabetes, problemas cardíacos, desgaste das articulações, entre outros fatores.

Autoestima: A construção de uma nova imagem após a perda de peso, a redução de medidas e um novo estilo de vida são motivadores importantes. O autoconhecimento traz mais segurança e novas conquistas individuais impulsionam o paciente positivamente.

Hábitos saudáveis: A cirurgia bariátrica exige uma nova rotina de alimentação. Esse processo proporciona maior disposição. Dessa forma, a pessoa passa a valorizar mais o bem-estar e a saúde, atitudes que trazem mais alegria e novos valores.

Pontos de Atenção

Como qualquer cirurgia, a bariátrica também apresenta riscos. Por isso, é muito importante que o paciente tenha total conhecimento sobre o procedimento, tire todas as suas dúvidas com seus médicos e siga à risca todas as condutas necessárias. Como já dissemos antes, ela não é um procedimento estético.

Os riscos da cirurgia bariátrica estão ligados principalmente à quantidade e gravidade de doenças associadas à obesidade, sendo as principais complicações:

  • Embolia pulmonar, que causa dor intensa e dificuldade para respirar;
  • Sangramento interno no local da operação;
  • Fístulas, que são pequenas bolsas que se formam nos pontos internos da região operada;
  • Vômitos, diarreia e fezes com sangue.

Normalmente essas complicações surgem ainda durante o período de internação hospitalar e são rapidamente resolvidas pelos médicos. Porém, dependendo da gravidade dos sintomas, pode ser necessário fazer correções na cirurgia.

Além disso, é comum que após a cirurgia bariátrica, os pacientes apresentem complicações nutricionais como anemia, deficiência de ácido fólico, cálcio e vitamina B12, podendo ocorrer também desnutrição nos casos mais graves. Daí a importância de seguir as orientações do nutricionista quanto a suplementação alimentar.

Tipos de cirurgia.  

Banda Gástrica

Esta é o tipo de cirurgia menos invasiva, pois é a colocação de banda, em forma de anel, em volta do estômago, de forma que ele diminua seu tamanho. O paciente passa a ingerir menos alimentos e de calorias.

Este processo tem menos riscos para a saúde e sua recuperação é mais rápida, mas seus resultados podem ser menos satisfatórios do que em outras técnicas. 

Bypass

Este é um método mais invasivo, pois o médico retira uma grande parte do estômago e depois liga o início do intestino à porção restante do estômago, diminuindo o espaço disponível no órgão. O paciente passa a comer menos, pois quando isso ocorre há o risco de rejeição da comida.

Este tipo de cirurgia possui ótimos resultados, permitindo perder até 70% do peso inicial, no entanto também tem mais riscos e uma recuperação mais lenta.

Gastrectomia vertical

Ao contrário do método bypass gástrico, neste tipo de cirurgia, que também pode ser conhecida como “cirurgia de sleeve“, o cirurgião mantém a ligação natural do estômago ao intestino, removendo apenas uma parte do estômago para o tornar menor que o normal, reduzindo a quantidade de calorias ingeridas.

Esta cirurgia tem menos riscos que o bypass, mas também possui resultados menos satisfatórios, permitindo perder cerca de 40% do peso inicial, sendo semelhante à banda gástrica.

Derivação biliopancreática

Neste procedimento acontece a retirada de parte do estômago e a maior parte do intestino delgado. Assim, uma grande parte dos alimentos não é digerida ou absorvida, reduzindo a quantidade de calorias da dieta, levando ao emagrecimento.

Seja qual for a opção escolhida de cirurgia bariátrica, é preciso que se tenha muita atenção a todo o processo, tanto pré quanto pós cirúrgico. O apoio da família de da equipe médica, são fundamentais. O paciente deve estar totalmente consciente do que poderá enfrentar, como descrevemos acima, pois o seu resultado será atingido se houver dedicação e paciência.

Fontes:  sallet.com.br / Ministério da Saúde

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